
Mensagem do Comitê Científico:
Sustentabilidade é uma palavra imediatamente compreensível, mas ainda aberta à múltiplas interpretações. Muitas vezes este termo é associado ao foco financeiro e inserido exclusivamente no aspecto custo, como se cuidados de saúde tivessem somente a partir de agora esta vertente. Isso resulta no entendimento que o sistema não é sustentável, porque custa muito caro, e que é necessário um aporte maior no financiamento por parte dos governos e sistemas. Outras vezes sustentabilidade é argumentada com foco na desorganização ou não hierarquização do sistema, e que se reorganizando o sistema, irão sobrar recursos financeiros suficientes para atender às necessidades. E ainda outras vozes argumentam simplesmente que o único problema com o sistema é a falta de financiamento e restaurando e aumentando o financiamento, tudo ficará bem.
A nossa opinião é que este entendimento estreito focado em recursos financeiros é insuficiente e não nos ajuda informar ou permitir uma avaliação global da sustentabilidade do sistema de saúde. Sustentabilidade significa garantir que hajam recursos suficientes em longo prazo para fornecer acesso oportuno a serviços de qualidade que atendam às necessidades de saúde em evolução.
Por muitos anos, especialistas em políticas de saúde têm-se centrado suas teorias em relação à sustentação do sistema em três dimensões essenciais:
• Serviços - Uma gama mais abrangente de serviços de cuidados de saúde deve estar disponível para atender às necessidades de saúde da população. Os serviços devem ser de alta qualidade e acessíveis em tempo hábil.
Este aspecto da sustentabilidade envolve olhar para como os serviços de saúde são entregues, se eles são acessíveis, e se eles são eficientemente e efetivamente entregues.
• Necessidades - O sistema de saúde deve atender às necessidades da população e produzir resultados positivos não só individualmente, mas também para a população como um todo.
Esta dimensão examina como os resultados dos cuidados de saúde estão sendo produzidos, e identifica as disparidades na assistência à saúde da população.
• Recursos - Inclui não apenas recursos financeiros, mas também os recursos humanos e os recursos físicos (instalações, equipamentos, tecnologia, pesquisa e dados)
Esta dimensão oferece a base para que se forneça todo a gama de serviços a serem planejados.
Não há "mão invisível" que silenciosamente e discretamente mantém esses elementos em equilíbrio. Manter o equilíbrio é, de fato, um ato deliberado de vontade política da alta administração e das lideranças clínicas, que deverão decidir como estes elementos serão equilibrados.
No VII Fórum Internacional IQG vamos abordar as questões complexas da sustentabilidade a partir dessas três dimensões essenciais e olhar quais as mudanças tem sido implementadas na forma de governança do sistema nos últimos anos assim como os executivos da saúde estão respondendo às mudanças necessárias e construindo as equipes necessárias para atingir suas prioridades estratégicas.
O sistema com certeza não é insustentável, mas ações são necessárias para manter o equilíbrio entre os serviços que são prestados, a sua eficácia no atendimento das necessidades da população e os recursos disponíveis. A questão maior é entender as escolhas da governança e das lideranças dos serviços para o aprofundamento sobre tal tema. Como os executivos da saúde estão respondendo às mudanças necessárias e construindo as equipes necessárias para atingir suas prioridades estratégicas.
Convidamos você para participar desta discussão com experientes executivos brasileiros e internacionais. Este é o momento de refletir e tomar ações para garantir a sustentabilidade deste sistema e contamos com você e sua instituição.
Rubens Covello
Chief Executive Officer - IQG
